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Software Livre, Open source, Privacidade, Segurança

Militantes de esquerda deveriam se preocupar com isso?

Introdução

Nos últimos anos, a privacidade online tornou-se um tema cada vez mais relevante, especialmente para ativistas e militantes políticos. A crescente vigilância estatal e corporativa tem levantado preocupações sobre a segurança e a privacidade dos dados pessoais. Neste contexto, o uso de software livre e de código aberto surge como uma alternativa viável para proteger a privacidade e garantir a segurança dos usuários.

O que é software livre e open source?
O software livre e de código aberto é um tipo de software que permite aos usuários acessar, modificar e distribuir o código-fonte. Isso significa que os usuários têm controle total sobre o software que utilizam, podendo adaptá-lo às suas necessidades e corrigir falhas de segurança. Além disso, o FOSS (Free and Open Source Software) é frequentemente desenvolvido de forma colaborativa, o que resulta em uma comunidade ativa e engajada.

O que fazer?

Sabemos que a internet é uma ferramenta poderosa para a organização política e social. No entanto, também sabemos que ela pode ser usada para fins de vigilância e controle social. O uso de software livre e de código aberto pode ajudar a proteger a privacidade e a segurança dos usuários, permitindo que eles tenham mais controle sobre seus dados pessoais.

Este artigo defende, a partir de uma perspectiva da esquerda radical, a urgência de a militância progressista se mobilizar pela proteção da privacidade online. Explicaremos como a vigilância estatal e corporativa mina a autonomia política, enfraquece a organização popular e reproduz dinâmicas de poder que a esquerda combate. Em seguida, apresentaremos as principais ferramentas de software livre e open source — desde mensageiros criptografados até sistemas operacionais seguros — como instrumentos práticos de resistência, controle coletivo dos meios de comunicação e fortalecimento das lutas emancipatórias.

Por que a esquerda deve se preocupar com a privacidade online

Contexto histórico e político

A privacidade é elemento fundamental da dignidade humana e da autodeterminação, garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (Art. 12), pois separa o espaço político do espaço pessoal, fortalecendo a liberdade de expressão e de associação (NED, 2024).

Todavia, historicamente a tradição marxista-leninista e mesmo boa parte da esquerda clássica consideravam o conceito de privacidade como expressão de individualismo burguês, ignorando seu papel para a organização e a dissidência política (Russel, 2015).

Ameaças atuais: vigilância estatal e corporativa

Ativistas progressistas estão cada vez mais em risco de perseguição, seja por ferramentas governamentais de vigilância de massa reveladas por Snowden (Greenwald, 2014), seja pela coleta de dados por grandes empresas de tecnologia (Sullivan, 2015).

Pesquisa recente com ativistas indica que 84% deles reconhecem a importância das redes sociais, mas 64% têm preocupações sobre privacidade e vigilância, enquanto 40% duvidam da credibilidade da informação online — reflexo de um ambiente hostil à resistência política (Rosenbloom, 2022).

Além disso, um estudo de janeiro de 2025 destaca como a coleta granular de localização está ligada diretamente à segurança física dos ativistas, reforçando a necessidade de ferramentas que minimizem rastreamento e presença de metadados (Eichenmüller et.al, 2025).

Conclusão: privacidade como ferramenta de luta

Para a esquerda radical, a adoção de software livre e open source é inevitável: só assim podemos garantir que nossos meios de comunicação e organização estejam livres das garras do capital e do Estado repressivo. A privacidade online fortalece a autonomia coletiva, protege lideranças e militantes, e constrói redes solidárias sem intermediários exploradores. Fortalecer e difundir essas ferramentas é parte indissociável da construção de uma sociedade emancipada, onde o poder esteja verdadeiramente nas mãos do povo.

Para saber mais sobre como proteger sua privacidade online, consulte nosso guia completo sobre privacidade e segurança online.

Melhores aplicativos

Algumas recomendações de aplicativos de software livre e de código aberto para segurança e privacidade. Considere ela como um ponto de partida.

Lista Completa

Referências

GREENWALD, Glenn. No Place to Hide: Edward Snowden, the NSA, and the U.S. Surveillance State. New York: Metropolitan Books, 2014.

NED (NATIONAL ENDOWMENT FOR DEMOCRACY). Big Question: How Does Digital Privacy Matter for Democracy and its Advocates? International Forum for Democratic Studies. Disponível em: https://www.ned.org/big-question-how-does-digital-privacy-matter-for-democracy-and-its-advocates/. Acesso em: 19 abr. 2025.

RUSSELL, Corvin. Privacy and Democracy: What Geeks Understand that the Left Doesn’t. Canadian Dimension, 15 maio 2015. Disponível em: https://canadiandimension.com/articles/view/privacy-and-democracy-what-geeks-understand-that-the-left-doesnt. Acesso em: 19 abr. 2025.

PRIVACY INTERNATIONAL. Examples of Abuse. [s.l.]: Privacy International, s.d. Disponível em: https://privacyinternational.org/examples. Acesso em: 19 abr. 2025.

SULLIVAN, John. Free software, privacy, and activism. Free Software Foundation, 08 jul. 2015. Disponível em: https://www.fsf.org/bulletin/2015/spring/free-software-privacy-activism. Acesso em: 19 abr. 2025.

ROSENBLOOM, Leah Namisa. Activists Want Better, Safer Technology. arXiv:2209.01273 [cs.HC], 2 set. 2022. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2209.01273. Acesso em: 19 abr. 2025.

EICHENMÜLLER, Christian; KUHN, Lisa; BENENSON, Zinaida. “My Whereabouts, My Location, It’s Directly Linked to My Physical Security”: An Exploratory Qualitative Study of Location-Dependent Security and Privacy Perceptions among Activist Tech Users. arXiv:2501.16885 [cs.HC], 28 jan. 2025. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2501.16885. Acesso em: 19 abr. 2025.

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